domingo, 29 de abril de 2007

O rosto da derrota


A ausência de emoção num rosto assusta-me. E, admito, foi isso o que mais me impressionou quando vi Paulo Teixeira Pinto. Na primeira vez, pensei que era fruto das circunstâncias. Afinal, tinha acabado de assumir a liderança do maior banco privado português. O fardo de suceder a Jardim Gonçalves era pesado para qualquer um.

Passaram-se muitos meses sem que nada mudasse. Mas hoje, mais de um ano de OPA depois, o seu olhar parado já me inspira confiança. A verticalidade com que sempre deu a cara por uma derrota anunciada, que está longe de ser apenas sua, é merecedora de respeito.

O que escrevo não é fruto da piedade que os derrotados frequentemente inspiram. Jardim Gonçalves entregou a Paulo Teixeira Pinto uma missão impossível e sabia disso. Ficar-lhe-ia bem, senhor engenheiro, voltar a aparecer em público para assumir a sua derrota. É o seu o principal rosto deste fracasso.

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