sexta-feira, 6 de abril de 2007

Liberdade de Imprensa

Os jornalistas recebem, com maior ou menor frequência, consoante a sua influência, telefonemas de pessoas que querem condicionar e controlar a informação. Infelizmente, esta prática faz parte da vida de quem trabalha nas televisões, nas rádios e nos jornais, não sendo, por isso, de estranhar as recentes tentativas de censura, dirigidas pelo gabinete de José Sócrates, a propósito do 'curriculum' do primeiro-ministro.
Não foi este o primeiro Governo a tentar, nem será, seguramente, o último. Também é para isso que foram contratados, muitas vezes a peso de ouro, assessores, adjuntos e agências de comunicação. Para mostrar aos jornalistas a realidade que convém e esconder as verdades inconvientes de quem lhes paga. Sejam eles primeiro-ministros, ministros, ou empresas.
Uma realidade com a qual os jornalistas se habituaram a conviver e que revela bem quão árdua é, actualmente, a tarefa de informar.
Nos anos mais recentes, as tentativas de manipulação são, aliás, cada vez mais descaradas. Existe um dono de uma agência de comunicação que, quando tenta convencer um potencial cliente do seu poder junto da comunicação social, não se inibe de garantir que controla jornalistas e 'opinion makers' em meios-chave.
Não prevendo que a situação se altere nos tempos próximos, compete, por isso, em primeiro lugar, ao jornalista defender uma das mais nobres e importantes profissões. Resistir todos os dias. Resistir na redacção, resistir a quem está do lado de lá do telefone, mostrando, através do seu trabalho, que, afinal, o tempo gasto a pressionar, a condicionar e a influenciar de nada serviu. Resistindo e informando as verdades que vai sabendo, bochecho a bochecho.
Já falta paciência para os que criticam os jornalistas, para os que se queixam de que estes só contribuem para acentuar o pessimismo e o negativismo próprio dos portugueses e de que não ajudam a levantar a moral nacional. O que temem estas vozes que defendem o 'jornalismo positivo'? A crítica? Se é assim, temos pena. É para descobrir, para analisar, para interpretar, para informar e, também para criticar, que existem jornalistas. A crítica, com a qual Sócrates não consegue viver, é indispensável, sobretudo, para uma sociedade que parece estar cada vez mais cansada de pensar.

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